quinta-feira, 14 de setembro de 2017

O parecer da ICOMOS deve ser do conhecimento público


Ontem houve trabalhos com maquinaria pesada dentro do quarteirão Camões-Caldeirôa. Estranhamos esta movimentação porque ainda há muitas perguntas fundamentais por responder sobre o projecto do parque de estacionamento delimitado pelas ruas de Camões, Caldeirôa e Liberdade.

Sessão de esclarecimento a 22-05-2017 na S.M.S.
Na mesa estavam, da esquerda para a direita,
Raúl Roque, Domingos Bragança, Alexandra Gesta e Filipe Fontes.
Na sessão de esclarecimento que decorreu na Sociedade Martins Sarmento, no passado dia 22 de Maio foi dito pelo presidente da Câmara Municipal de Guimarães, em funções, que  tinha pedido um parecer à ICOMOS (Comissão Nacional Portuguesa do Conselho Internacional de Monumentos e Sítios). Este parecer é relevante pela importância reconhecida desta organização, e porque a zona de construção encontra-se na "zona de protecção" do centro histórico a escassos metros do núcleo classificado de Património Cultural da Humanidade.  Apesar deste parecer não ser vinculativo para determinar se o projecto do parque de estacionamento é executado ou não, ele demonstra se a opção é a indicada para a valorização do património da cidade. 

Nós sabemos que o parecer da ICOMOS já foi enviado à Câmara Municipal de Guimarães, por isso, esperamos que ele seja divulgado publicamente e que possa ser tomado em consideração pela relevância que ele representa.


Entretanto, nas obras que decorreram ontem, foi demolida uma parede de uma das fábricas situada no interior do quarteirão, assim como foi destruído parcialmente um muro de pedra que pertencia a um caminho pedestre que era utilizado por antigos moradores e trabalhadores da Caldeirôa. Este caminho com a largura aproximada de um metro circunda o exterior da fábrica onde se situam os vários tanques da antiga indústria de curtumes. Este não é o único percurso existente, há mais. As pedras retiradas do seu local não foram numeradas o que demonstra que não foi tido em consideração o tipo de zona delicada do ponto de vista arqueológico. 


Aproveitamos esta publicação, também, para avisar os técnicos da CMG que não podem demolir parcialmente ou na totalidade nenhum edifício do interior deste quarteirão sem antes ser vistoriado por uma equipa credenciada pelo ICNF (Instituto de Conservação da Natureza e das Florestas). Existem morcegos dentro deste quarteirão e como foi anunciado neste blogue, os abrigos de morcegos são protegidos por lei (Decreto 31/95 de 18 de Agosto).