sexta-feira, 10 de novembro de 2017

Demência em Guimarães

Hoje foi publicada uma notícia no jornal Público em que apresenta Portugal como "um dos países da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE) que tem das prevalências mais altas de pessoas com demência", e quantifica dizendo que "20 em cada mil habitantes sofrem desta doença".

Trazemos para a discução do parque de estacionamento de Camões esta doença porque, a 5 de Janeiro de 2017, foi publicada uma outra notícia referindo que "um estudo realizado no Canadá refere que a proximidade a vias rodoviárias de intenso tráfego poderá contribuir para o desenvolvimento de patologias associadas à degeneração cerebral. De acordo com os resultados deste trabalho, os indivíduos que habitam perto das estradas aumentam em 7% a probabilidade de sofrer de demência no futuro." E continua, "os especialistas sugerem que o ruído, os gases libertados pelos automóveis e até as partículas de desgaste de pneus podem estar relacionados com o aumento da taxa de degeneração cerebral, na redução do tecido conjuntivo e no declínio dos níveis de cognição humana."

Haverá consequências concretas nas pessoas que vivem na zona envolvente ao parque de estacionamento de Camões, incluindo as pessoas das ruas D. João I e Dr. Bento Cardoso. O parque de estacionamento será construído no interior de um quarteirão essencialmente habitacional. Além de destruir o seu interior, anteriormente "um pulmão verde", e substituí-lo por um armazém de monóxido de carbono, também provocará danos irreversíveis na saúde dos habitantes.

Exemplificamos como decorrerão as dinâmicas do tráfego automóvel nas entradas e saída do parque segundo o actual sentido do trânsito. Por exemplo, para chegar à entrada da Travessa de Camões, o veículo poderá:

1) Entrar na rua D. João I, percorrê-la quase na totalidade, passar pela rua Dr. Bento Cardoso e subir a rua de Camões;
2) Entrar na rua da Liberdade e subir a rua de Camões (nestes dois pontos verificamos que na rua de Camões haverá sempre uma sobrecarga com a passagem de automóveis);
3) Entrar pela rua Paio Galvão, passar na artéria Sul do Largo do Toural, descer a rua de Camões como foi anunciado, ou continuar para descer a rua da Caldeirôa até à segunda entrada do parque de estacionamento;
4) A saída dos automóveis será feita pela Travessa da Caldeirôa em direcção à rua da Caldeirôa, que entra em conflito com a actual utilização pedonal com ligação ao recinto da Feira Semanal e Mercado Municipal.

Lembramos que os níveis de poluição no Largo do Toural apresentados no estudo "Impacto da qualidade do ar após intervenção urbanística no Toural e sua envolvente", de 2013, apresentam um valor de >41µg/m3 (maior que quarenta e um microgramas por metro cúbico de ar) de partículas inaláveis e finas, que segundo a Agência Portuguesa do Ambiente (APA) está no nível em que “as pessoas muito sensíveis, nomeadamente crianças e idosos com doenças respiratórias devem limitar as actividades ao ar livre”.

A cidade não se pode permitir cometer erros com a construção do parque de estacionamento de Camões. A saúde das pessoas deve ser tida em consideração antes das decisões sobre os projectos. A passagem de qualquer automóvel numa das ruas adjacentes ao futuro parque de estacionamento cria um nível de trepidação e ruído alto, e os moradores sentem-no fisicamente.

Notícias:
Vinte em cada mil pessoas em Portugal sofrem de demência, mais do que a média da OCDE
(jornal Público, a 10 de Novembro de 2017)

Viver perto de vias rodoviárias pode aumentar o risco de demência
(RTP, 5 de Janeiro de 2017)

Notícia da Antena 1 "Viver perto de vias rodoviárias pode aumentar o risco de demência" from Assembleia Popular da Caldeiroa on Vimeo.